sábado, 23 de outubro de 2010

Esperança ou utopia?

Esperança ou utopia?

Não importa, pois Freire sonhava sonhos possíveis. “A esperança é necessidade ontológica; a desesperança, esperança que, perdendo o endereço, se torna distorção da necessidade ontológica.” (FREIRE, 1999, p. 10).
Para Marx na idéia de revolução, e em Freire - pode ser visto na Pedagogia do Oprimido -, a consciência-educação deve conter em si mudanças que rompam com todo o meio de opressão.
Não há educação neutra, ela está sempre determinada a atender os objetivos que a sociedade da época em questão impõe.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Carl Marx e Paulo Freire

Parece-nos que o pensamento de Freire e de Marx em diversas circunstâncias se mostram muito próximos no que se refere à luta de classes e da desigualdade social. Os dois autores falam e defendem a idéia que a luta dos oprimidos, dos excluídos deve ser feita por eles mesmos com o objetivo de se verem e passarem a lutar por sua valorização e melhores condições de vida e educação.
No prefácio da Pedagogia da Autonomia Ernani Maria Fiori concorda com ambos, quando diz:

"Paulo Freire é um pensador comprometido com a vida: não pensa idéias, pensa a existência. É também educador: Existência seu pensamento numa pedagogia em que o esforço totalizador da práxis humana busca, na interioridade desta retotalizar-se como ‘prática da liberdade’. Em sociedades cuja dinâmica estrutural conduz à dominação de consciências, ‘a pedagogia dominante é a pedagogia das classes dominantes”. (FIORI, in FREIRE, 2007).

Mas em Freire tem algo que o diferencia de Marx.
A esperança.
Marx esqueceu ou negou o papel do sujeito individual na história. Centrou suas reflexões nas estruturas objetivas, no mundo macro, na luta coletiva. Não pensou que as transformações sociais não podem ocorrer sem a vida rotineira e concreta de seres individuais.
Freire não. Freire afirmava a existência da subjetividade como condição da revolução da transformação social. Freire era esperançoso.
A esperança, necessidade que move o homem e sem a qual não seria possível “a luta”.

MARX, Karl & ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo: CHED, 5ª ed., 1984.
____. Crítica da educação e do ensino. Lisboa: Moraes, 1978.

Fiori, Ernani Maria. Aprender a dizer a sua palavra in Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.

domingo, 10 de outubro de 2010

O método dialético em Freire

O ato de ensinar e aprender são para Paulo Freire a relação fundamental entre o educador e o educando ou vice-versa. Para que a dialética se estabeleça é preciso que tanto o educador quanto o educando aprendam e ensinam mutuamente. Esta é a base de sua dialética.
O homem para Freire é construtor de seu conhecimento. Mas onde se apóia Freire em suas reflexões?
Busca primeiramente em Marx. Nota-se na obra Pedagogia do Oprimido, o pensamento de Marx, mas também algo que os diferencia. Freire tem uma atitude mais esperançosa em relação a “luta”.
Tanto no pensamento de Freire, quanto no de Marx toda a história se reduz à luta, pois em todos os períodos históricos sempre existiu uma classe dominante e uma dominada. Também em ambos é necessário não somente conhecer o mundo, mas transformá-lo.
Diz Marx:
"A concepção histórica que desenvolvemos dá finalmente resultados: O desenvolvimento das forças produtivas atingiu uma fase que viu nascer forças produtivas e meios de circulação que, nas condições presentes, só podem provocar efeitos nefastos, tornando-se destrutivas as forças produtivas (maquinaria e dinheiro). Ao mesmo tempo desenvolve-se uma classe que suporta todo o fardo da sociedade sem gozar de suas vantagens, que é excluída da sociedade existente e se encontra por força no antagonismo mais absoluto com todas as outras classes. Esta classe forma a maioria dos membros da sociedade, e a consciência da necessidade de uma revolução radical surge ai. Esta consciência é comunista e pode também formar-se, evidentemente, em membros de outras classes à vista da situação desta classe. [...] Uma transformação maciça do homem revela-se necessária à criação maciça desta consciência comunista, bem como a realização do próprio objetivo. Ora, tal transformação só pode operar-se por um movimento prático – uma revolução. Esta revolução não é, portanto, apenas necessária, porque é o único meio de derrubar a classe dominante, mas ainda porque só uma revolução permitirá a classe subversiva varrer toda a podridão do velho regime que se lhe cola a pele e tornar-se apta a fundar a sociedade com bases novas. (MARX E ENGELS, 1978, p.252)"

Freire seguindo a linha de pensamento marxista diz assim:

"Quem, melhor do que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor do que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais do que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca, pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela. (FREIRE, 2007, p.34)."


FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.

MARX, Karl & ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo: CHED, 5ª ed., 1984.

______. Crítica da educação e do ensino. Lisboa: Moraes, 1978.