quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A leitura de mundo

A grande preocupação da escola é praticar a leitura e a escrita dos alunos. A escola segue os passos de sempre. Os alunos aprendem a ler e a escrever de forma mecânica. Não interagindo com o meio ou com o contexto social. A criança é alfabetizada sem estar inserida no mundo. Aprende a ler e a escrever sem a leitura do mundo.

A leitura na escola é sistemática. São ensinadas a gramática, as regras gramaticais e a leitura de mundo, de realidade é relegada a um segundo plano (se sobrar tempo).

Esse tipo de ensino é o produtor de muitos problemas que encontramos hoje, inclusive nós, de não entendermos o texto que nos é apresentado. De não conseguirmos dialogar com o autor e tampouco entendermos sua mensagem.

Muitas vezes, nós professores, encontramos dificuldades de nos fazer entender, devido ao sistema que nos afastou do mundo, da realidade. E essa dificuldade não está relacionada ao tempo de estudo e sim com a leitura mecânica a que nos habituamos.

A escola deveria ter a preocupação de interagir com o mundo do aluno, com os conhecimentos que ele traz, com seu meio social, com sua cultura.

Tenho um aluno que pertence a uma família de papeleiros e seu desenvolvimento em aula, seu relacionamento com os outros colegas, seu conhecimento de mundo é de certa forma superior aos demais coleguinhas. Ele tem uma visão e conhecimento muito superior a maioria dos alunos. Tem uma capacidade de contar e envolver os colegas em histórias, que me deixava de certa maneira confusa. Percebe-se que a leitura, interpretação de fatos e textos e produção de histórias têm muito a ver com o familiar, com o meio, com o social de cada um. Mesmo sendo de uma família muito pobre meu aluno interage com o mundo, com o outro. Ele está no mundo.

Acredito que o professor precisa refletir sobre a sua função social, precisa investir na história de cada um de seus alunos. O professor precisa trabalhar o contexto de seus alunos, precisa conhecer seus mundos.

E seu nome era Jonas

Jonas passou três anos e quatro meses de sua vida em uma instituição para deficientes mentais. Ao final desse tempo retorna ao lar.

Em sua casa moram o pai, a mãe e um irmão menor. O pai não aceita que Jonas seja um ser diferente, chegando ao ponto de abandonar a família por não conseguir conviver com os problemas familiares e por não querer conviver com um filho que ele considera “anormal”.

Em casa Jonas tenta se fazer entender e não consegue sucesso. A língua de sinais não era conhecida de seus familiares e parece que também não era uma prática aceitável na época.

As escolas, despreparadas, não aceitavam as diferenças e tentavam alfabetizar seus alunos de qualquer modo, custasse o que custasse, utilizando o método de repetição.

Quando Jonas foi matriculado em uma delas recomendavam o uso de aparelho de audição e proibiram a língua de sinais, pois isso se tornaria um “vício” e ele nunca mais iria “falar”. Nunca iria ser um membro inserido totalmente na sociedade e seu mundo de relacionamentos seria somente o de surdos. Entendiam e aceitavam como verdadeira somente a comunicação oral.

Com alguns alunos esse tipo de escola conseguia sucesso e com os que não conseguiam rotulava de retardados.

Com Jonas não foi diferente. Usou aparelho, participou das aulas juntamente com seus colegas, mas não se adaptou. Apresentava rebeldia e não aceitação do fato. Tinha no avô, o melhor amigo.

A mãe sempre presente na vida de Jonas não se conformava em não conseguir se comunicar com o filho. O fato que desencadeia a busca da mãe por solução para o problema que estava enfrentando, ou seja, se comunicar com Jonas foi a ansiedade e o desespero de Jonas para tentar se fazer entender, por sinais, que queria um cachorro-quente.

O não conformismo da mãe com a situação é o que faz a vida de Jonas se transformar num novo mundo, num mundo de descobertas. Estando sempre em busca dessa solução buscava ajuda e orientação. Informava-se da validade ou não da língua de sinais. Pesquisava, buscava soluções para poder estabelecer comunicação com o filho. Estava sempre atenta.

Certa vez, em uma sala de espera, de uma clínica especializada viu um casal juntamente com seu filho se comunicando através de sinais. Foi conversar com o casal e descobriu que ambos eram surdos.

O homem havia nascido surdo e sua esposa ficou aos sete anos. Este casal convida a mãe de Jonas a participar de uma reunião no “Clube dos Surdos”. Vai, juntamente com uma amiga, a princípio com certa desconfiança e preconceitos. Lá conhece e se encanta com a facilidade de comunicação que os membros do clube estabelecem entre si.

Decide que é aquilo que quer para o filho. Que quer se comunicar com o filho. Quer entender Jonas e se fazer entender por ele.

Comunica à escola que Jonas vai aprender a língua de sinais. A professora não aceita, chegando ao ponto de dizer que amarrará as mãos de Jonas se preciso for.

Jonas é retirado da escola pela mãe.

A mãe leva Jonas para conhecer um membro do clube. E este começa a ensinar para Jonas a língua de sinais.

A comunicação começa a ser estabelecida na família, pois até o irmão menor de Jonas começa a sinalizar juntamente com ele.

Língua dos sinais- a nossa primeira língua!

Língua!!! E não linguagem! Não tinha me dado conta da diferença que existe entre as duas palavras. Até então pensava que era a linguagem dos sinais. Lendo os textos me dou conta do erro cometido.

Libras é uma língua falada por uma comunidade que possui uma cultura própria.

A única pessoa surda que conheço é mãe de uma ex- aluna. E esta ex- aluna, neste ano letivo, me ajudou a ensinar o alfabeto manual para meus alunos.

Para falar com uma pessoa surda é necessário manter o contato visual, pois segundo informações pesquisadas um grande número de surdos sabe fazer leitura labial. Para chamar a atenção de uma pessoa surda devemos tocá-los e se estivermos longe devemos sinalizar de alguma maneira.

Acho de extrema importância conhecer o alfabeto manual para interagirmos com uma pessoa surda e também é muito importante conhecermos alguns sinais básicos. É de extrema necessidade ensinar também nossos alunos a se interessarem por essa língua. Não seria muito mais fácil a inclusão de um aluno surdo, em uma sala de ouvintes, se todos os seus colegas dominassem a língua de sinais? Não seria muito mais fácil se fosse aproveitada a comunicação gestual (pois todos nós começamos a nos comunicar com sinais) da criança desde que ela é bebê e aos poucos fosse ensinada a ela, desde a escolinha a língua de sinais e o português?

Penso se assim fosse, toda a discriminação, os tabus e os preconceitos deixariam de existir. O aluno surdo aprenderia com maior facilidade e sua interação com o mundo se daria da forma mais natural possível.

Todos nós sabemos que escolas especializadas são poucas e se torna muito difícil para os surdos de famílias pobres estudarem, mas todos os professores dominassem a língua, e se fosse ensinada a todas as crianças, com certeza a vida dos surdos seria muito mais fácil.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Falar, escrever e ler

Não se fala não se escreve ou mesmo não se lê do mesmo jeito. Esse falar, escrever e ler depende sempre da concepção teórica utilizada pela escola, professor ou mesmo por uma época.
Isso dependerá muito do tipo de escola que se está inserido como também da visão de mundo do professor e do aluno. Essa alfabetização ou letramento é algo que se constitui no tempo, na história ou na sociedade.
Podemos encontrar dentro de nossas escolas professores que lêem maravilhosamente e escrevem textos gramaticalmente corretos, mas não sabem ler o mundo a sua volta. Não conseguem comunicar o que pensam. E também podemos encontrar alunos que apresentam “dificuldades” em escrever e ler, mas têm uma leitura de mundo extremamente crítica e expressam seu pensamento de forma clara e coesa.
Com os meios de comunicação instantânea nossos jovens estão criando uma nova forma de escrita e onde se fazem entender por seus pares sem problemas e isto em tempos anteriores seria considerado um ultraje à língua. Ficamos, nós, professores meio perdidos, pois não esperávamos que nossos alunos criassem uma nova linguagem. Nós achávamos que só os “adultos” seriam capazes de criá-la.

EJA

A educação libertadora é o conceito de educação, buscado em Freire, que parece nortear o Parecer CEB 11/2000, pois na leitura do mesmo, o EJA tem a função de resgatar uma dívida histórica que a sociedade mantém com os menos favorecidos. Por muito tempo uma grande parcela de cidadãos se viu à margem da sociedade devido à falta de alfabetização que não lhes foi proporcionada por diferentes motivos.

O atual sistema capitalista que tanto beneficia alguns faz com que uma grande parcela da sociedade seja esquecida. A sociedade por muito tempo esqueceu-se de letrar aqueles que a faziam crescer.

Uma lei voltada para o assunto tem a esperança (utopia, como diria Freire) de resgatar essa tão grande dívida.

Para tentar estabelecer este diálogo e resgatar esses cidadãos a EJA se articula em torno de quatro fundamentos:

aprender a conhecer adquirindo instrumentos de compreensão;

aprender a fazer para agir sobre o meio envolvente;

aprender a viver juntos, para participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas;

aprender a ser para melhor desenvolver a sua personalidade.

Estes quatro eixos giram também no entorno do conceito de igualdade, pois somente a educação faz com que o homem busque ser autor de sua história.

O papel dos professores, ou melhor o desafio dos professores, será no que diz respeito a formação. Esta deverá ser permanente e também os conceitos éticos,destes profissionais, deverão estar voltados para uma perspectiva emancipatória. Os professores que desejam trabalhar com alfabetização de adultos, ou mesmo com a educação de adultos em outros níveis tem de se dar conta que esse ensino não poderá se dar de forma mecânica num simplório ato de juntar letras ou mesmo formar frases. Esses profissionais precisam estar preparados para um desenvolvimento crítico da leitura de mundo onde a emancipação se dará e as transformações sociais ocorrerão.

Pode-se entender pela leitura do Parecer que a EJA tenta resgatar e provocar, através do estudo, a reflexão grande parcela de cidadãos que por motivos diversos se manteve afastada dos bancos escolares.

Numa sociedade extremamente competitiva os menos favorecidos são jogados à margem da mesma. São obrigados a exercerem suas atividades naquilo que chamamos de subemprego e que por sua vez, por falta de um pensamento reflexivo, conduz a marginalidade.

Com a finalidade de resgatar esses cidadãos, educando-os para elaboram uma leitura crítica de mundo, a EJA está fazendo o seu papel; capacitando os menos favorecidos, elevando sua estima, tornando-os capazes de entrarem no mercado de trabalho e de buscarem seus conhecimentos.

A EJA deve estar voltada para o mundo do aluno. Preparando- os para conhecerem e viverem o mundo.

Para que o conceito principal da EJA se concretize, ou seja, para que a educação se torne em algo realmente que liberte, é preciso que se parta do mundo vivido, de um contexto concreto para que o aluno se insira, no mercado de trabalho, em algo que realmente saiba e goste de fazer, pois se assim for, o homem será capaz de construir a sociedade.

O trabalho ao mesmo tempo em que cria condições que favorecem o homem também o escraviza e o professor da EJA deverá ter muito cuidado para não passar leituras de mundo erradas ou ideológicas.

domingo, 30 de agosto de 2009

Muitos alunos chegam até nós com suas criatividades totalmente anuladas. Há, durante o processo de alfabetização, um abuso no uso de cópias xerocadas ou mimeografadas que vão aos poucos anulando a criatividade dos alunos.
Apresentamos textos sem a mínima preocupação com seu conteúdo, simplesmente o passamos para os alunos copiarem e fazerem a interpretação que já vem pronta nos livros. É mais fácil e menos trabalhoso. Passamos para os alunos um mundo estereotipado. Não permitimos aos nossos alunos fazer a leitura de seu mundo, para facilitar o apresentamos pronto, segundo a nossa visão.
Quando iniciei a dar aula, há muito e muitos anos atrás, eu também cometia esse tipo de erro em aula. Dava muitos desenhos prontos para colorir e ainda dizia quais as cores a serem usadas.
Com o passar do tempo comecei a me sentir insatisfeita e também me dar conta que algo estava errado.
Passei a ler sobre o assunto e a trocar idéias com outros colegas e aos poucos fui me dando conta dos erros que estava cometendo: não estava permitindo que meus alunos descobrissem o mundo, o seu próprio mundo.
Mudei de postura. Não dou mais desenhos prontos onde eles simplesmente tenham que desenhar, não apresento mais textos que não tenham referências para meus alunos. Procuro sempre algo de interesse geral. Passei a trabalhar mais com notícias de jornais, principalmente os locais, num constante estimular para a vida em comunidade, na apresentação de problemas e suas possíveis soluções. O desafio que eu teria com o “menininho” seria o mesmo que enfrento em todos os inícios de anos letivos. Às vezes resolvendo o desafio de forma fácil e natural, em outras, não tão fácil, pois terei que vencer as barreiras erguidas por alguns alunos ou mesmo pais.
Gosto muito (meus alunos também) de trabalhar com notícias de jornais. Fazer a leitura da mesma notícia em jornais diferentes. Analisar, discutir, apresentar soluções e escrever sobre o assunto, às vezes para criticar, outras para apoiar.
Utilizo-me também das histórias do cotidiano de meus alunos para contação de histórias, produções escritas, histórias em quadrinhos, situações problemas...
Na parte das artes o nosso principal trabalho é nos livrarmos da máxima “eu não sei desenhar!”
Estou usando e muito o “risco cego”. A técnica consiste em fazer um risco de qualquer forma em uma folha e a partir da análise do risco criar algo. A única exigência é que o desenho deve ser bem colorido e incluído em algum contexto (paisagem).
Os desenhos abaixo foram produzidos a partir de um risco comum, feito de forma manual, para cada um dos alunos:








Iniciando mais um semestre

Tracei alguns objetivos e me empenharei para atingi-los. São eles:
. não atrasar mais as postagens de atividades;
. manter o PA atualizado;
. participar efetivamente dos fóruns e, principalmente,
. não pegar mais recuperação.
Agradeço as professoras e tutoras que me acompanharam durante o período de recuperação. Estiveram sempre presentes e atentas aos meus pedidos de socorro. Muito obrigada Nádie, Melissa e Luciane vocês foram incansáveis e me atendiam nos horários mais "loucos" e sempre com carinho e incentivo.

domingo, 26 de julho de 2009

Adorno e as raízes de um novo holocausto

Penso que a violência já é algo banalizado. Todos sabem que acontece, de que forma acontece e principalmente quem a sofre.

Alunos violentos geralmente têm pais violentos.

A escola lida com diferentes meios de violência: violência que vem da rua, de casa, de filmes, dentro da própria sala, entre os pares...

Penso que a sociedade hoje apresenta essa violência em tão alto grau devido à falta de relações interpessoais. Vivemos entre grades como se fôssemos animais e, animais que vivem em jaulas são animais de certa maneira perigosos.

Não sabemos o nome de nossos vizinhos de porta, não o conhecemos. Já não mais exercitamos as “palavras mágicas”: Bom dia! Como vai? Como tem passado? E o (a) fulano (a) vai bem? Não nos importamos mais com o outro.

A criança que cresce num meio onde as relações entre as pessoas, a cortesia, a boa educação, o cuidado com o outro não foi cultivado e, portanto não terá como conhecer e aplicar este cuidado.

Estamos criando nossas crianças na frente de televisão, dos computadores. Não os deixamos mais brincar na rua (e é perigoso mesmo!), com o colega, com o amiguinho de porta...

Colocamos nossas crianças em frente da televisão, pensando que estão livres da violência deixando-os verem outras crianças ser exploradas e maltratadas (caso da menina Maisa), e isto de forma bem natural e corriqueira como se fosse algo certo de fazer. Acostumamos nossas crianças à violência, pois também fomos educados desta forma massificada pela televisão.


“Crê-se que quanto mais bem forem tratadas as crianças, quanto menos forem negadas na infância, mais chances elas terão. Mas aqui também ameaçam ilusões. Crianças que nem desconfiam da crueldade e da dureza da vida são articuladamente expostas à barbárie uma vez que deixam a sua proteção. Antes de tudo, é impossível incentivar os pais para o calor humano, na medida em que eles mesmos são produto dessa sociedade e dela carregam os estigmas.”


Nossas crianças estão passando, por causa dos nossos medos, por uma overdose de mundo virtual, pensamos que em casa, na proteção do lar, estarão resguardados da violência do mundo. Estamos enganados, pois o que estamos deixando para nossas crianças é a mensagem que na vida também podem dar o comando “Ctrl z”.

Não ensinamos mais nossas crianças a viver a vida de forma autêntica.

Estamos num redemoinho de violência. Estamos perdidos no meio do caos. Não demonstramos mais amor, não olhamos mais o outro. Temos medo de relações verdadeiras.

Silenciamos! Não ensinamos nossas crianças a criar vínculos. E esse silêncio pode ser a semente de uma nova Auschwitz.

O que podemos fazer enquanto escola? É papel da escola fazer esta “ligação” ao outro. É dever de a família conhecer e participar da vida escolar do filho, conhecer as regras da escola e os direitos e deveres de seu filho dentro dela.

União talvez seja o caminho para solucionar o problema.

O ÍNDIO

Há mais pó menos cinco anos fui com uma turma de alunos visitar uma reserva indígena em Viamão.

Lembro que na época fiquei chocada com a pobreza em que eles viviam. Pensava “por que os ambientalistas insistiam em preservar uma cultura indígena?” Por que se insistia tanto que os índios deveriam preservar sua cultura? Por que não os deixavam progredir como pessoas ativas dentro da sociedade? Qual o valor que tinha naquela forma pobre de viver?

Enquanto caminhava pela reserva, pensava na pobreza que via. Na sujeira que eu, pessoa branca, via.

Meu olhar era de extremo preconceito. Via a cultura deles a partir da minha cultura. O meu olhar era um olhar de superioridade, quase ariano. Um olhar de extermínio.

Preconceito puro de quem não conhece ou pensa conhecer.

Andando por lá, voltou a minha memória o caso do índio Galdino queimado vivo em Brasília. Como nós nos achamos superiores! Donos do mundo, donos da terra!

Lembrei das notícias dos jornais, lembrei da fala do advogado de defesa que tentava convencer, nas entrelinhas, a opinião pública que não havia sido cometido crime nenhum. Que os “meninos” não eram capazes de ferir um ser humano.

E o que eu via naquela reserva eram seres humanos sim. Era gente. Gente que já estava aqui quando Cabral chegou.

Gente que viva a vida de modo diferente do meu. Gente em que o sentido de preservação e cuidado com a terra, com a água, com a natureza como um todo era muito superior ao meu.

Voltando para casa e trabalhando com os alunos comecei a me dar conta de todo o mal que fazemos por não conhecer, por não nos interessar pelo outro.

Hoje quando trabalho a cultura indígena já não é de modo ingênuo e caricato. Coloco para meus alunos todo o problema que o índio enfrenta por falta de comprometimento e respeito nosso com eles. Realizamos debates e sempre tento fazer com que meus alunos se coloquem no lugar do índio.

História de Peter

O documentário inicia com Peter chegando à escola. No início do filme, já de maneira extremamente preconceituosa, me coloquei no lugar da “coitada” da professora.
Parei o filme e analisei tudo o que eu estava pensando e posicionei meu pensamento como se fosse eu a professora em questão. Pensei em minha turma (barulhentos, mas ao mesmo tempo tão unidos), minha sala de aula, nas escadas, na falta de ajuda, na falta de trocas de experiências, nas reuniões corridas pela falta de tempo, na falta de pessoas capacitadas para ajudar. Arrepiei-me. Conclui: Não quero esta situação para mim!
Troquei de posição e me coloquei no lugar de mãe, mãe de Peter. E analisei tudo o que eu faria para a melhoria da qualidade de vida, seja mental, intelectual ou física de minha filha. Indignei-me só em pensar que minha filha não tivesse seus direitos respeitados. Conclui: Mãe é mãe sempre.
Coloquei-me no lugar de meus alunos e pensei em todos os problemas que de início apareceriam enquanto a novidade fosse novidade. Continuei a pensar em meus alunos, no quanto eles são puros de coração e receptivos a toda e qualquer situação, sem preconceitos, sem medo de novidade, abertos à aventura da vida. Pensei no quanto gostam de ajudar e a participar de todas as atividades. Teríamos problemas? Certamente. Por causa de Peter? Sim, mas também teríamos inúmeros problemas por várias situações, o que é comum em uma sala de aula que comporta seres tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Conclui: problema, só enquanto fosse novidade. Com o tempo Peter seria visto como um colega a mais. A turma com certeza o acolheria, sem maiores problemas ou traumas.
Dificuldade, medo, preconceito para lidar com situações novas e/ou diferentes não fazem parte do universo infantil. O adulto sim está fechado para o diferente, sente medo em não saber lidar com situações que possam fugir de seu domínio e tem medo de se arriscar, de aprender a lidar com situações novas.
Fecha-se por acomodação e descrédito, em especial em relação a escolaridade, pois a literatura especializada também afirma e confirma crenças socialmente difundidas que deficientes mentais somente serão capazes de um aprendizado escolar mínimo, pois são mentalmente incapazes e, portanto, merecedoras de um tratamento especial que impõe restrições que acabarão por imprimir marcas na relação entre o outro e ela.
Com ajuda da literatura que tivermos acesso, lá na formação, na antiga escola normal, nós acabamos por estigmatizar o aluno portador de deficiência.
Somente conhecíamos o igual e, enquanto alunos e sociedade não conheciam as diferenças. Onde estavam essas crianças? Escondidas?
Não foi nos repassado na escola este conhecimento e quando era, era de forma totalmente deturpada.
Nos dias de hoje, nas escolas regulares, vemos um ou outro aluno com deficiência (cadeirantes principalmente), mas não vemos alunos com atraso mental, surdos, cegos...
Por quê? Os pais não matriculam? A escola não aceita? Os pais reconhecem que as escolas regulares não estão capacitadas?
Penso que o pai de aluno portador de algum tipo de deficiência quer o melhor para seu filho e realmente sabem que as escolas regulares não podem oferecer o que seus filhos precisam: aulas de arte, música, espaço para recreação, pessoal capacitado, trocas verdadeiras e envolvimento efetivo de toda a comunidade escolar. Como foi o caso de Peter.
Peter! Consegui me colocar em todos os papéis, menos de Peter. Conseguimos fazer experiências práticas que envolva deficientes físicos, visuais, auditivos... Mas no que envolve deficiência mental, nós falhamos. Não sabemos, não conhecemos. Se não conhecemos não somos capazes de re-significar a educação. Penso que precisamos de crianças especiais dentro de nossas salas de aula para realmente entendermos os conceitos que estudamos e assim aliar à teoria à prática.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Construindo tendas

O grande problema que envolve alunos com necessidades especiais é identificá-los. Existem alunos que se percebe ao olhar que são alunos portadores de alguma necessidade especial: cadeirantes, alunos com alguma síndrome conhecida, surdos e estes não são os que engrossam as estatísticas de reprovação das escolas.
O problema está na falta de conhecimento do professor para detectar estas dificuldades. E muitos casos de alunos PNE’s passam por professores e escolas sem que estes percebam ou que se detectam suas necessidades: falta de uma avaliação oftalmológica, de um exame áudio-métrico, avaliação neurológica...
O professor não foi preparado, nem de forma prática nem de forma teórica, para lidar com estas múltiplas diferenças que os alunos possam apresentar e tampouco a escola está preparada para dar suporte a estes professores. Para a escola só interessa os níveis de aprovação que a colocarão nos índices governamentais como uma escola de bons resultados. Afinal a escola pública é carente de recursos enviados pelos governos e estes recursos somente virão se os resultados forem muito bons.
Nos cursos de formação o professor está sendo preparado, na maioria das vezes, para ensinar a ler e a escrever. E quando se depara com aluno, ou alunos, que não conseguem avançar na leitura e na escrita o professor logo o rotula como deficiente. Não investiga, ou por falta de tempo ou por falta de conhecimento teórico.
É culpado o professor por não reconhecer a necessidade de determinado aluno?
Não. O erro não está no professor. Está nos cursos de formação que não preparam profissionais que saibam lidar, exigir e lutar pela verdadeira inclusão.
O que vemos hoje são alunos largados dentro de salas lotadas consideradas de alunos normais e professores que não recebem nenhum tipo de ajuda e também não a exigem, pois não conhecem as leis de inclusão.
O professor deveria saber que para ter alunos PNE’s a escola, como instituição, tem que dar suporte e assumir todas as necessidades deste aluno.
Existem muitas leis que amparam os alunos com necessidades especiais e pouca ou nenhuma fiscalização que façam que estas leis sejam cumpridas. O professor sabe que existem leis para inclusão, mas não sabe que esta mesma Lei está a favor do professor e do aluno e não contra.
O que vemos nas escolas são alunos largados a um sistema deficiente e professores sem nenhum conhecimento, ou na pior das hipóteses (e eis onde acontece a verdadeira exclusão!), vontade de fazer a inclusão verdadeira.
Vou citar um caso verdadeiro que ocorre na minha escola: Temos um aluno cadeirante na quarta- série. O J.
Para receber J. e sua cadeira a escola construiu rampas e transformou um banheiro para receber este aluno. Fez isso, pois foi obrigada por lei. Mas J. não vai ao banheiro, por vergonha, tem vergonha de depender da professora ou de outro colega.
A professora nos fala, na hora do intervalo, que ele nem água bebe para não ter que ir ao banheiro. É comum sentir-se o cheiro de urina em J. e na sala de aula.
A inclusão de J. termina aí, na modificação do espaço físico. Não é proporcionado a J. durante o recreio nenhuma atividade, simplesmente ele fica esperando o término do mesmo para voltar à sala de aula, sem brincar e sem interagir com os colegas.
Se a família custa buscá-lo na saída do turno, J. fica sozinho, em sua cadeira, esperando pacientemente que alguém venha buscá-lo. Isso é inclusão?
Perguntei a professora de J. como os coleguinhas se relacionam e vêem J., como ele se sente e se vê em relação à turma, qual o trabalho que ela faz em relação ao ver e co-operar com J.
Ela não soube responder. Ela simplesmente me respondeu que ele é uma criança muito desanimada e pouco interessada em estudar e vir para a escola. “É um aluno muito problemático.”
Com 9 anos , numa cadeira de rodas e portador de distrofia muscular não deve realmente ser algo muito animador! E com uma professora que não consegue se colocar no lugar do outro deve ser muito difícil para J. gostar da escola.
Perguntei também como J. ficava dentro da sala e ela me disse que ele ficava sentado sempre no mesmo lugar.
Ela não tem a iniciativa de promover a inclusão de J. com os outros colegas trocando-o de lugar, inserindo-o no grande grupo, não programa estratégias e práticas alternativas Sabe que J. sente dificuldades em escrever mas não procura meios de melhorar a aprendizagem de J. Sabe que J. gosta de computadores mas não o leva às aulas de informática devido as escadas, mas também não exige um computador para J. usar na sala de aula ( segundo ela estaria excluindo todos os outros). A professora não esta se dando conta que incluir é desacomodar todos os incluídos no processo, é fazer com que todos caminhem nas teias da vida.
Penso que a professora de J. deveria ser a gestora de sua educação e tentar construir para J. uma “tenda” onde ele se sinta acolhido e trazer para a tenda de J. todos os outros alunos.

Etnias


O trabalho sobre etnias foi o mais gratificante para mim e penso que para meus alunos também.

Os frutos do trabalho ainda são colhidos na sala de aula até os dias de hoje. Minha turma se tornou unida com o reconhecimento das diferenças e se respeitam principalmente a partir disto. Sabem que são diferentes uns dos outros, com gostos diferentes e diferentes modos de pensar e de aprender.

Nota-se a amizade e o companheirismo entre eles. O clima de amizade e reconhecimento é tão grande, que recebemos um coleguinha novo, que antes apresentava problemas de agressividade e agora já se sente parte de um grupo que o respeita por ser que ele é e não por ser mais forte. Já consegue interagir com o grupo sem agressões, já consegue trocar sem se sentir prejudicado ou prejudicar alguém. Já é um aluno que se estudasse na escola do filme seria rotulado de normal.

Trabalhar etnias foi um trabalho libertador tanto para mim quanto para meus alunos, pois já não sentimos mais temor de falar a palavra “negro” dentro da sala de aula. Antes, em outros anos, me parecia que era algo de certa maneira forçado por mais que eu tentasse fazer de maneira natural, sempre me intimidava frente a um aluno negro. Me envergonhava, tinha medo de ofendê-lo!


Entre os muros da Escola

O que chama a atenção no filme é a questão da “exclusão” escolar, pois desde o início das atividades escolares que o filme retrata, notam-se os pré- conceitos com que os professores olham os alunos.
Os alunos já chegam marcados para os professores atuais. E estes já entram na sala com seus conceitos previamente formados.
O professor de francês até tenta fazer e ser diferente, mas falta-lhe um pouco de amor ao outro, a sensibilidade de perceber o momento do aluno.
Parece que nesta escola o “bonzinho”, “o bonitinho”, “o limpinho”, se sentirá mais facilmente adaptável e também aceito pelos professores e será bem falado para as suas famílias durante os conselhos de classe.
Os alunos que compõe a turma são de diferentes etnias e possuem as suas diversidades culturais e apresentam-na de diferentes maneiras, mas parece que a escola não quer ver, pois cada professor também tem seus problemas de vida e problemas dentro das salas de aula com os alunos, não conseguem ou não estão preparados para lidar com o tipo de clientela da escola: alunos oriundos de outras culturas, bem diferentes da francesa e, portanto, já previamente rejeitados pela sociedade.
A convivência vai se tornando muito difícil quando os alunos passam a ser mais autônomos e questionam os métodos dentro da sala de aula.
Entre os muros da escola é um filme que alerta retratando o cotidiano das escolas públicas da periferia de Paris, mas percebe-se em sua temática algo a - espacial.

domingo, 24 de maio de 2009

Fase ... sem produção ... sem vontade...




Não sei se acontece somente comigo ou é algo comum a todos...
Estou passando por uma fase de de não interesse. Não consigo encontrar a "vontade", não sei aonde a deixei. Só de pensar em computador e leituras sinto sono e preguiça.
Não sei o que está acontecendo.
Acontece também com vocês esta
não vontade? Ou preciso ir visitar a minha Endócrino? Ou será que esqueci de tomar o Puran T4? Ou ... Ou...
Essa falta de vontade, para piorar, está ligada a uma dificuldade de pensar, raciocinar, guardar, armazenar informações. Parece que tudo o que li não foi lido realmente.
Nós falamos constantemente que os políticos têm falta de vontade para isso ou aquilo, que os governantes têm falta de vontade para aquilo outro ...
Coitados! Estou até com pena!
Será que é falta de vontade o que eles realmente têm? Não pode ser! Pode ser tudo menos falta de vontade.
A falta de vontade que eu sinto me impede até de pensar.
Me sinto como um cão perdido numa rua.
Queria dormir por 24 horas!



Ps: Perdida, triste, sem vontade ... mas com raça!

domingo, 10 de maio de 2009

Inclusão

Lendo, fico me perguntando se todas as pessoas que escreveram textos sobre a inclusão escolar de alunos com deficiências mental têm experiência de sala de aula. Sabem realmente como é a rotina de uma sala de aula de ensino fundamental? Se realmente são professores ou se suas palavras são vazias de experiência?
Se realmente já trabalharam em uma sala de aula lotada de alunos, onde ninguém quer saber o que está acontecendo desde que o professor esteja lá dentro?

Não sou contra a inclusão. Todos têm o mesmo direito a uma escola pública de qualidade. O problema está em não termos pessoas qualificadas para tal ou se temos eles não estão "preparados" para a sala de aula. Não considero inclusão simplesmente colocar um aluno com determinado problema dentro da sala, perguntar lá de vez em quando como ele está se desenvolvendo e dizer que ele está incluso. Inclusão vai muito além. É capacitar todo um pessoal para lidar com as diferentes diferenças que diferentes alunos terão. Tenho fé de que isso de fato ocorrerá, mas falta muito. Não temos professores suficientes e especializados para as classes consideradas "normais", imagina para classes com inclusão. Os professores já não têm mais tempo de preparar uma aula básica... Imagina uma aula diferenciada onde real e efetivamente a inclusão ocorra.

Por enquanto acho que é, ainda, um discurso vazio.
A realidade nos mostra que quanto mais um profissional se capacita, quanto mais se torna preparado para lidar com determinadas situações dentro da sala de aula, mais ele se afasta da docência. Vai para algum setor esquecendo que seria muito mais útil dentro da sala de aula.

domingo, 3 de maio de 2009

Comunicação

Incapacidade para o diálogo

Gadamer* afirma que está desaparecendo a arte do diálogo e coloca as formas de como isso está ocorrendo: monologização do comportamento humano; modo de pensar cietífico-técnico da sociedade atual e auto-alienação e solidão do mundo moderno que calam os mais jovens. Todos esses problemas da modernidade estão caracterizados pelo empobrecimento da linguagem.

Está faltando comunicação.

Observamos na sociedade atual uma crescente monologização humana, cada qual centrado nos seus problemas, na sua vida. Assim o diálogo se torna simplesmente conversação. Este fato contraria um atributo natural do ser humano, sendo este, o único que possui linguagem e, portanto, o único capaz de dialogar.

Diálogo não é sinônimo de falar muito e deve ser compreendido de uma forma mais exigente.

O autor, em seu texto, refere-se às conversações telefônicas como um dos principais exemplos para a incapacidade para o diálogo.

“Nós nos acostumamos tanto a ela que mantemos conversações longas ao telefone e, entre pessoas que estão ligadas entre si, quase não se sente o empobrecimento comunicativo que ocorre no telefone por sua limitação ao acústico”.

Nas conversações telefônicas, não existe diálogo na forma que deveria realmente se dar. Não há o entendimento, o olho no olho, o toque. Existe nas conversas telefônicas uma proximidade artificial.

As condições para o verdadeiro diálogo, segundo Gadamer, é o encontro humano, onde nos colocamos em relação com o outro, com cuidado, progressivamente se aproximando do outro de tal forma que nos sintamos presos a essa relação.

O verdadeiro diálogo está presente na espontaneidade viva do perguntar e responder, do dizer e do deixar-se dizer.

Conhecemos diálogos famosos que mudaram o mundo. Temos conhecimento destes, por livros, mas isso seria hoje, uma espécie de monólogo, pois estamos nos apropriando de conhecimentos de outro; são de certo modo literatura, literatura originária, não temos acesso a verdadeira realidade, ao verdadeiro acontecer.

Diálogo seria lago em que os dois “eus”, não são mais “eus” e sim o “nós”. Onde cada “eu” se dá conta que independente da relação individual o importante é o “nós”.

Dialogar é a passagem do individual para o coletivo, é falar a mesma linguagem.

“Como nossa percepção sensível do mundo é privada de um modo ineliminável, assim também os nossos impulsos e interesses nos individualizam, e a razão, que é comum a todos e capaz de detectar o que é comum a todos, se mostra importante ante às ilusões que a nossa singularidade nutre em nós. Por isso, o diálogo com o outro, suas objeções ou sua aprovação, sua compreensão ou também seus mal-entendidos significam um modo de ampliação de nossa singularidade e um experimentar da possível comunhão à qual a razão nos encoraja”.


*O filósofo Hans-Georg Gadamer, morreu aos 102 anos de idade, no dia 14 de março de 2002, 42 anos após a publicação de seu livro mais famoso: Verdade e Método.

sábado, 2 de maio de 2009

Dia Das Maes - Recados Para Orkut


sábado, 25 de abril de 2009

Turma da Prô Elaine

http://turmadaproelaine.blogspot.com/

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Etnias


Mosaico étnico – racial


Utilizei a construção do mosaico para trabalhar os povos que trabalharam para povoar e desenvolver nosso Estado.

No primeiro momento pedi que, em grupos, se olhassem, se comparassem, se descrevessem, de acordo com tom de pele, tipo e cor de cabelos e olhos... altura...

Cada grupo falou o que eles tinham de igual e o que tinham de diferente.

Após pedi de tema que pesquisassem junto à família os costumes, as tradições, comidas típicas, o sobrenome de onde era... E também pedi que trouxessem fotos suas e fotos de pessoas recortadas de revistas.


Pedi que se olhassem novamente e se agrupassem de acordo com a Raça.

Achei muito engraçado que eles se agruparam no primeiro momento por sexo.

Questionei: Somente existem duas raças?

Perguntei o que era raça. Um aluno disse que sabia que os cães tinham raça. Eu perguntei se somente existiam cães Labradores machos. Ele respondeu que não.

Voltei a perguntar: Por que então vocês formaram um grupo de meninas e um de meninos?

O menino respondeu: Por que gostamos de futebol e as meninas não.

Já era um começo.

Mas voltei a questionar: Mas eu gosto de futebol e as meninas também jogam futebol.

Será que todos os povos gostam de futebol?

Quem são os melhores jogadores de futebol? (Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo)

Será que somente os negros sabem jogar um bom futebol?

Não existe jogador branco?

Não. Não existem somente jogadores negros, como também não existem somente brancos, ou mulatos, ou índios. Índios? Não conhecemos nenhum jogador índio. Somente um com nome de Índio. Será que ele é índio? Será que índio não gosta de futebol?

Será que existem raças de pessoas assim como existem raças de cães e gatos?

Fomos ao dicionário. E segundo o Dicionário Aurélio temos:

RAÇA: Substantivo feminino.

1. O conjunto dos ascendentes e descendentes duma família, tribo ou povo, com origens comuns.

2. O conjunto de indivíduos cujas características corporais são semelhantes e transmitidas por hereditariedade, embora possam variar dum indivíduo para outro.

3. Divisão de uma espécie animal, provinda do cruzamento de indivíduos selecionados para manter ou aprimorar determinados caracteres.

Problema: Temos alunos que são brancos e com irmãos negros e vice-versa. A origem é a mesma, mas as características são diferentes.

Como diferenciar? Como explicar?

Até mesmo eu já estava confusa. Existem raças na espécie humana?

Estamos ainda desenvolvendo o trabalho.

A etnia foi mais fácil de compreender.

Etnia: População ou grupo social que apresenta homogeneidade cultural, compartilhando história e origem comuns.

Somos uma mistura de etnias. Somos brancos que gostamos de samba. Somos negros que gostamos de massas, pizzas. Somos índios que não temos terras, mas gostamos de tomar banho todos os dias e adoramos aipim com carne de porco.


Conclusão: Somos gente.Não temos raça. Temos cor diferente, tamanho diferente. Cor de cabelo e olhos diferente.

Mas temos os mesmos amigos, os mesmos gostos, vimos os mesmos programas de televisão, choramos, rimos, somos felizes, ficamos tristes.

Se for para nós temos uma raça esta raça é a do índio, pois eles estavam aqui desde sempre.

Alfabeto em Libras.

Minhas experiências ou a falta delas.

Como professora nunca tive alunos portadores de necessidades especiais, mas tive alunos filhos de pessoas portadoras de deficiência. Será que posso chamar assim? Por que portadores de necessidades especiais? Não seria melhor dizer pessoas diferentes de mim? Por que, qual o parâmetro para dizer que eles são deficientes?
Às vezes fico pensando se ser surdo é uma deficiência ou uma diferença. Penso que eles pertencem a uma cultura diferente, que conhecem pessoas diferentes, têm uma língua diferente.
E refletindo mais ainda, lendo diferentes materiais estou concluindo que um aluno surdo não pode ser alfabetizado(???) dentro de uma sala de alunos ouvintes. O aluno surdo precisa de um professor especial (talvez um só para ele), uma sala especial ( com poucos colegas) onde não se distraia.

Atualizando ...

Sei que estou muito atrasada, mas esqueci de atualizar meu portfolio. Nunca mais lembrei dele.
Porém estou de volta.