Penso que a violência já é algo banalizado. Todos sabem que acontece, de que forma acontece e principalmente quem a sofre.
Alunos violentos geralmente têm pais violentos.
A escola lida com diferentes meios de violência: violência que vem da rua, de casa, de filmes, dentro da própria sala, entre os pares...
Penso que a sociedade hoje apresenta essa violência em tão alto grau devido à falta de relações interpessoais. Vivemos entre grades como se fôssemos animais e, animais que vivem em jaulas são animais de certa maneira perigosos.
Não sabemos o nome de nossos vizinhos de porta, não o conhecemos. Já não mais exercitamos as “palavras mágicas”: Bom dia! Como vai? Como tem passado? E o (a) fulano (a) vai bem? Não nos importamos mais com o outro.
A criança que cresce num meio onde as relações entre as pessoas, a cortesia, a boa educação, o cuidado com o outro não foi cultivado e, portanto não terá como conhecer e aplicar este cuidado.
Estamos criando nossas crianças na frente de televisão, dos computadores. Não os deixamos mais brincar na rua (e é perigoso mesmo!), com o colega, com o amiguinho de porta...
Colocamos nossas crianças em frente da televisão, pensando que estão livres da violência deixando-os verem outras crianças ser exploradas e maltratadas (caso da menina Maisa), e isto de forma bem natural e corriqueira como se fosse algo certo de fazer. Acostumamos nossas crianças à violência, pois também fomos educados desta forma massificada pela televisão.
“Crê-se que quanto mais bem forem tratadas as crianças, quanto menos forem negadas na infância, mais chances elas terão. Mas aqui também ameaçam ilusões. Crianças que nem desconfiam da crueldade e da dureza da vida são articuladamente expostas à barbárie uma vez que deixam a sua proteção. Antes de tudo, é impossível incentivar os pais para o calor humano, na medida em que eles mesmos são produto dessa sociedade e dela carregam os estigmas.”
Nossas crianças estão passando, por causa dos nossos medos, por uma overdose de mundo virtual, pensamos que em casa, na proteção do lar, estarão resguardados da violência do mundo. Estamos enganados, pois o que estamos deixando para nossas crianças é a mensagem que na vida também podem dar o comando “Ctrl z”.
Não ensinamos mais nossas crianças a viver a vida de forma autêntica.
Estamos num redemoinho de violência. Estamos perdidos no meio do caos. Não demonstramos mais amor, não olhamos mais o outro. Temos medo de relações verdadeiras.
Silenciamos! Não ensinamos nossas crianças a criar vínculos. E esse silêncio pode ser a semente de uma nova Auschwitz.
O que podemos fazer enquanto escola? É papel da escola fazer esta “ligação” ao outro. É dever de a família conhecer e participar da vida escolar do filho, conhecer as regras da escola e os direitos e deveres de seu filho dentro dela.