A prática docente
Como diz Paulo Freire não há docência sem discência.
A profissão “professor” é, mesmo que não se queira aceitar, diferentes das demais profissões. A “técnica” é diferente e não é usada de maneira imparcial. O professor assume posições, envolve-se com seus alunos ultrapassa a “técnica”, pois há uma interação entre os seres envolvidos e, portanto, deixa de ser algo simplesmente “técnico”. O professor está colocado dentro do seu trabalho e não pode e não consegue se afastar, não deixa de ser professor quando ultrapassa os portões da escola (diferentemente de outros profissionais que conseguem se distanciar de suas profissões quando termina seus horários).
Acho que aqui reside o grande problema em relação a melhoria de qualidade na educação. Os governantes também não conseguem separar professor / pessoa. Confundem o profissional, o trabalhador com a pessoa que assume o papel. Confundem o papel de professor com o de pais. Se forem “pais” não devem receber salários bons para educar seus “filhos”.
O professor fica preso nessa teia política. Não consegue sair e se tornar pesquisador de seus próprios problemas. Tem que aceitar que profissionais que estão fora das salas de aula estudem, pesquisem e digam o que deve ou não ser feito com seus alunos para a melhoria da educação...
Mas o quadro começa a mudar (aos poucos, muito devagar). Estamos aprendendo, estamos caminhando, estamos começando a nos interessar por pesquisas. Estamos como diz Tardif refinando nossos olhares e dando-nos conta que ser professor já nos torna profissionais diferentes.
Já estamos nos dando conta de toda a ética e do processo epistemológico envolvido no processo.
No semestre anterior nos foi sugerido ler Pedagogia da Autonomia e agora lendo Tardif não pude deixar de fazer ligações entre os dois autores.
Freire deixa perpassar em suas obras o problema ético na educação. Este problema de ordem prática é visto em todas as falas do autor: o problema comportamental de professores em sala de aula.
Este problema, a ética, não é algo novo em salas de aula, haja vista o tempo que este problema está sendo estudado. Cada vez com mais vigorosamente.
Paulo Freire preocupou-se em estabelecer relações de como a ética se realiza dentro do processo educacional, pois segundo ele, homens e mulheres são seres históricos-sociais e, então, capazes de comparar, valorar, intervir, escolher, decidir, romper e assim, portanto, tornando-nos seres que vivem dentro de um sistema ético.
Para Freire torna-se impossível ensinar eticamente se este ensinar não seja seguido da prática, pois tanto aprendemos como ensinamos a aprender e eis em Freire, assim como em Tardif, a relação entre a teoria e a “técnica”.
domingo, 16 de novembro de 2008
A prática docente
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