Incapacidade para o diálogo
Gadamer* afirma que está desaparecendo a arte do diálogo e coloca as formas de como isso está ocorrendo: monologização do comportamento humano; modo de pensar cietífico-técnico da sociedade atual e auto-alienação e solidão do mundo moderno que calam os mais jovens. Todos esses problemas da modernidade estão caracterizados pelo empobrecimento da linguagem.
Está faltando comunicação.
Observamos na sociedade atual uma crescente monologização humana, cada qual centrado nos seus problemas, na sua vida. Assim o diálogo se torna simplesmente conversação. Este fato contraria um atributo natural do ser humano, sendo este, o único que possui linguagem e, portanto, o único capaz de dialogar.
Diálogo não é sinônimo de falar muito e deve ser compreendido de uma forma mais exigente.
O autor, em seu texto, refere-se às conversações telefônicas como um dos principais exemplos para a incapacidade para o diálogo.
“Nós nos acostumamos tanto a ela que mantemos conversações longas ao telefone e, entre pessoas que estão ligadas entre si, quase não se sente o empobrecimento comunicativo que ocorre no telefone por sua limitação ao acústico”.
Nas conversações telefônicas, não existe diálogo na forma que deveria realmente se dar. Não há o entendimento, o olho no olho, o toque. Existe nas conversas telefônicas uma proximidade artificial.
As condições para o verdadeiro diálogo, segundo Gadamer, é o encontro humano, onde nos colocamos em relação com o outro, com cuidado, progressivamente se aproximando do outro de tal forma que nos sintamos presos a essa relação.
O verdadeiro diálogo está presente na espontaneidade viva do perguntar e responder, do dizer e do deixar-se dizer.
Conhecemos diálogos famosos que mudaram o mundo. Temos conhecimento destes, por livros, mas isso seria hoje, uma espécie de monólogo, pois estamos nos apropriando de conhecimentos de outro; são de certo modo literatura, literatura originária, não temos acesso a verdadeira realidade, ao verdadeiro acontecer.
Diálogo seria lago em que os dois “eus”, não são mais “eus” e sim o “nós”. Onde cada “eu” se dá conta que independente da relação individual o importante é o “nós”.
Dialogar é a passagem do individual para o coletivo, é falar a mesma linguagem.
“Como nossa percepção sensível do mundo é privada de um modo ineliminável, assim também os nossos impulsos e interesses nos individualizam, e a razão, que é comum a todos e capaz de detectar o que é comum a todos, se mostra importante ante às ilusões que a nossa singularidade nutre em nós. Por isso, o diálogo com o outro, suas objeções ou sua aprovação, sua compreensão ou também seus mal-entendidos significam um modo de ampliação de nossa singularidade e um experimentar da possível comunhão à qual a razão nos encoraja”.
*O filósofo Hans-Georg Gadamer, morreu aos 102 anos de idade, no dia 14 de março de 2002, 42 anos após a publicação de seu livro mais famoso: Verdade e Método.
1 comentários:
Elaine: Bem relevante os pensamentos deste autor. Tu concorda plenamente com ele? Qual tua opinião a respeito do texto que acabas de colocar? São algumas questões a se pensar... Sabemos que o texto é interessante para ti pois resolveste expor para nós, mas seria interessante se conseguisse colocar tua opinião juntamente com a opinião do autor. Abraço, Anice.
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