terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Passo a passo para uma educação ética e estética

"Ensinar exige rigorosidade metódica;

Ensinar exige pesquisa;

Ensinar exige respeito aos saberes do educando;

Ensinar exige criticidade;

Ensinar exige estética e ética;

Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo;

Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação;

Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática;

Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural;

Ensinar exige consciência do inacabado;

Ensinar exige o reconhecimento do ser condicionado;

Ensinar exige respeito a autonomia do ser do educando;

Ensinar exige bom senso;

Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores;

Ensinar exige apreensão da realidade;

Ensinar exige alegria e esperança;

Ensinar exige a compreensão de que a mudança é possível;

Ensinar exige curiosidade;

Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade;

Ensinar exige comprometimento;

Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo;

Ensinar exige liberdade e autoridade;

Ensinar exige tomada consciente de decisões;

Ensinar exige saber escutar;

Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica;

Ensinar exige disponibilidade para o diálogo;

Ensinar exige querer bem os educandos”. (Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia)

Refletindo

O professor deve assumir seu papel de mediador entre o aluno e o mundo que este começa a descobrir.
Paulo Freire nos ensina que o homem é capaz de transformar o mundo, mas somente é possível, se e somente se, houver uma conscientização deste mundo.
Precisamos ensinar nossos alunos a conscientizar-se do outro, a conhecer a sua história, a sua realidade e não simplesmente aceitar os fatos sem grandes questionamentos, sem emocionar-se.
É importante o comprometimento do professor com a sua práxis e que este comprometimento seja algo realmente verdadeiro.
Se assim for, teremos, com certeza, professores curiosos buscando alternativas, caminhos, dialogando, problematizando e fazendo da educação um processo dinâmico. Buscando por si próprio alternativas e assumindo uma postura responsável e transformadora.
Assim teremos uma educação voltada para a libertação.

Como utilizei Freire em sala

Com diálogo, discussão e reflexão. Me apropriando do conhecimento, que obtive com a leitura das obras de Freire, mediei momentos para a discussão e reflexão de temas atuais, que surgiam em aula, ampliando as possibilidades de aprendizagens e envolvimento no processo do conhecimento.

Alguns exemplos:
Leitura das histórias de vida trazidas pelos alunos;
Confecção de linhas de tempo;
Desenhos,, pinturas, imagens, fotos ... ( o mundo)
Expressão corporal ( leitura de gestos, formas de comunicação, expressões do rosto, emoções...),
Registro e relatos de histórias, envolvendo a vida de cada um deles;
Levantamento de dados;
Produção de mapas de ruas, bairros e município;
Leitura de jornais e revistas;
Criação de novas histórias com os mesmos personagens;
Histórias infantis;
Criação de novas ilustrações;
Identificação nos personagens das semelhanças com pessoas que fazem parte da vida da criança;
Comentar, encaixá-las na história, brincar com isso;
Exploração das possibilidades de trabalhar a ortografia, gramática e vocabulário, de forma criativa e divertida.
Descobrir na história o que pode ser relacionado com as outras disciplinas e trabalhar.
Ex.: Onde a história acontece, características do lugar, clima, hábitos regionais, roupas, etc.
Dependendo da história, foi possível encontrar associações com a matemática, história, ciências, artes.
Enfim, bastou o tema e os objetivos a serem definidos para que o trabalho não tivesse limites.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vivenciando

Quando pensamos educação temos que partir do pressuposto que conhecemos a clientela e assim formar as bases de uma educação que envolva a liberdade e o respeito as diferenças.

Muitas vezes, nós professores, erramos por não conseguir estabelecer relações com o mundo do educando e pensamos que a educação é uma coisa estática, fora do tempo e do mundo do educando. Não levamos em consideração o conhecimento que nossos alunos trazem consigo, anulamos seus conhecimentos e não os utilizamos como algo já prévio para novas aprendizagens.

Todo o conhecimento que o aluno traz e que nós chamamos de conhecimento popular deve ser respeitado e considerado, portanto pode e deve ser utilizado como base para a elaboração de um conhecimento mais sólido; deveremos partir das experiências vivenciadas por nossos educandos dentro de seu mundo ( família, trabalho, grupos sociais ...) e ir, aos poucos propondo estratégias como pesquisas e projetos que envolvam uma busca mais teóricas destes conhecimentos prévios para que situações limites sejam rompidas.

Situações limites

A educação libertadora leva homens e mulheres a dar-se que as situações – limites não são mais “fronteira entre o ser e o nada, mas uma fronteira entre o ser e o mais ser”, que deve ser superada para o desaparecimento da opressão.

Uma das primeiras estratégias seria a autoria do educando em seu processo de educação, pois seria algo de interesse do aluno, seria uma necessidade pessoal e não imposta por terceiros. O aluno partiria de uma dúvida e com essas dúvidas partiria em busca de suas verdades.

Outra vez Paulo Freire

No livro Pedagogia do Oprimido diz Freire (2007, p.60), “Não podemos esquecer que a libertação dos oprimidos é libertação de homens e não de coisas. Por isto, se não é autolibertação – ninguém se liberta sozinho -, também não é libertação de uns feitos por outros”.

A educação nos parece que seja o método que impregnará de sentido a vida. Mas para dar certo precisamos de pessoas, principalmente educadores, comprometidos com o processo educacional.

O educador deve também se preocupar com o conteúdo ético que seu aluno receberá, pois se formos coerentes, nossas práticas se tornarão mais transparentes e nossos alunos aprenderão a inserir-se em todo o processo educativo e isso provocará mudanças e tomadas de atitude.

O professor precisa aprender a discutir o conteúdo com seus alunos e a necessidade destes, pois um ser educado para autonomia verá o outro também como um ser autônomo e igual.

Para que esta educação libertadora ocorra precisamos fazer com que o aluno entenda que está inserido no mundo e dele faz parte.

Não tenho experiência de EJA, mas tento aplicar , com meus alunos, da maneira possível a teoria de Paulo Freire no que diz respeito a integração do conteúdo com a vida.

Tento fazê-los envolver-se com o que está sendo proposto em aula, levando sempre algo que para eles têm significado

sábado, 23 de outubro de 2010

Esperança ou utopia?

Esperança ou utopia?

Não importa, pois Freire sonhava sonhos possíveis. “A esperança é necessidade ontológica; a desesperança, esperança que, perdendo o endereço, se torna distorção da necessidade ontológica.” (FREIRE, 1999, p. 10).
Para Marx na idéia de revolução, e em Freire - pode ser visto na Pedagogia do Oprimido -, a consciência-educação deve conter em si mudanças que rompam com todo o meio de opressão.
Não há educação neutra, ela está sempre determinada a atender os objetivos que a sociedade da época em questão impõe.